Também através do Recanto das Letras trago uma flor, chamada Rosa Pena!
Falar de Rosa não será fácil, visto que ela é um misto de mito e verdade. Um ser que tem a capacidade de fazer com que olhemos para dentro de nós mesmos sem aquela hipocrisia estabelecida no mundo contemporâneo. Suas crônicas, são fragmentos das nossas vivências diárias; suas poesias são o desabafo da nossa alma órfã e carente; sua prosa, o bate-papo interno que teimamos em adiar para o dia seguinte. Mas Rosa é também flor de amor, emoção em flor, é bossa nova eternizada, é o blues reinventado, a vida renovada. Poderia ficar aqui horas, expressando meu modo de vê-la e senti-la, mas penso que seria como falar daquela sobremesa que dá água na boca e não lhes dá a chance de saborear a danada. Seria puro egoísmo, por isso venho dividir com vocês esse tesouro da literatura brasileira.
$1,99
Rosa Pena
Talvez as palavras,
já nem existam mais,
ou foram demais.
Hoje piso em ovos,
nem mais surgem poemas novos.
Já me submeti,
na nobreza ser o escravo,
no real ser o centavo.
No $1,99
sou aquele trocado ignorado.
Na cotação
meu coração virou dólar.
Já foi ouro.
Passado!
Tempos de euro!
2005
Rosa Pena
Publicado no Recanto das Letras em 22/05/2005
Ausência de lágrimas
Rosa Pena
Hoje acordei pensando que cada noite deveria ser duas noites. Não quero ser duas pessoas… Quero o tempo de duas noites.Sinto que sou amante de “Macbeth”. Foi ele quem assassinou o sono? Sou prima-irmã do Souza Cruz… Não sei quem inventou o cigarro, então vai ele mesmo.
Acho que devia ter nascido lésbica, apesar de que não ia segurar o preconceito dos heteros, que são de dois tipos: os que te odeiam pela frente e os que te odeiam pelas costas. E também adoro homem, sexualmente falando.
Acho que estou sofrendo um “desequilíbrio químico, um curto-circuito das minhas combinações nervosas”. Porque a única coisa que sei, neste exato momento, é que… as noites são minhas companheiras; o cigarro é meu amigo do peito (amigo traidor, mas só vou descobrir depois que estiver ferrada); as mulheres são as únicas que estão conseguindo me ouvir.
Sinto meu coração vazio de fantasias. Não tenho por quem sonhar.Parei de chorar em filmes românticos, e Djavan já não me emociona. Quero sentir pena da Maria, em Esperança, e ficar arrasada com amores impossíveis. Preciso de um segredo.
Nunca rifaria meu coração, como aqui na net já li… Mas o alugo… Sim, a um homem que me permita amá-lo. Nada exijo do meu inquilino. Apenas peço a ele a permissão de usá-lo como meu muso inspirador. E de vez em quando uma palavra de afeto.
Essa palavra que me daria o direito de sonhar com o impossível que seja, mas preencheria este vazio absurdo que estou sentindo.Tá doendo, a ausência de lágrimas.
2001Livro/ Com Licença da Palavra.
Rosa Pena
Publicado no Recanto das Letras em 10/05/2005
OI
Sem o açúcar no café,
sem o sal na refeição,
sem sabor fica a fartura.
Sem o oi de cada dia
a vida vira tortura,
regada de solidão.
10 de março de 2005
Rosa Pena
Publicado no Recanto das Letras em 10/03/2005
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